Faço desse lugar uma caixinha de segredos partilhados. Conto das (des)venturas de ser gente fazedora de caminhos, domadora de ideias e admiradora dos detalhes perfumados da cozinha. Mas não espere grande coisa: gosto das miudezas, dos cantinhos. E à doçura dessas preferências acrescento o azedume concentrado do limão (e do pensamento) – para equilibrar o sabor e clarear os saberes.

Tendo a complicar as coisas. Talvez porque seja a vida mesmo um tanto complicada. Tudo muda o tempo todo. O hoje nunca é igual ao ontem, e o amanhã já não será o hoje. Mesmo assim, há tanto de ontem no hoje, né, não? E o que dizer do amanhã, senão que ele não passa de uma continuação de hoje? Eu sei, meio que já tô complicando de novo. Mas sabe o que acontece? Acho que eu gosto do desafio que a complexidade lança ao entendimento. Nada é tão simples (nem mesmo a tal da “simplicidade”) que possa ser definido em uma palavra;  e que possa ser definitivo, de uma perspectiva tempo/espacial.  Nada é tão fácil que não necessite de esforço mínimo para ser feito ou compreendido. A não ser, é claro, que você prefira mesmo a superfície das coisas. Aí é tudo muito simples e até um tanto óbvio. Mas eu, não sei ao certo se feliz ou infelizmente, tenho sede do profundo, do obscuro, do não-dito das coisas. Gosto, de verdade, é do desafio da descoberta.

Deixe um comentário